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Sou sonhador, Idiota, tenho inúmeras idéias. Para uns um modelo, para outros ridículo! Assim que sou.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Compugida Tristeza

Não precisamos ir muito longe para encontrar alguém triste. A tristeza tem se tornado cada dia mais companheira, de todos nós, independentemente de idade, sexo, cor, religião. Somos, todos os dias acometidos de um penar, de um pesar que nos coloca em xeque, que nos perturba, sem mesmo sabermos o por que. Lendo sobre este fenômeno, o da tristeza sem medida, há pouco tempo, me deparei em escritos de Rollo May com uma explicação considerável. Em meados do século XVII o filósofo Descartes revolucionou a época ao libertar os homens das bruxas e bruxarias ao que se submetiam, causando perdas inestimáveis em produção e evolução para aquela época.

“Descartes ensinou que o corpo e a mente deviam ser separados, que o mundo objetivo da natureza física, do corpo (que podia ser medido e pesado), era radicalmente diferente do mundo subjetivo da mente e da experiência ‘interior’, como se pudéssemos colocar a mente em uma prateleira” (Rollo May 1972)

Estes ensinamentos foram primordiais para o crescimento do homem daquela época, inquestionável evolução,” Mataram” bruxas e maldições que impediam o crescimento do homem naquele instante. O fato que segue, é que com as bruxas, mataram também as fadas dos bosques, os geniozinhos que realizavam desejos, os guinomos e toda a série de estímulos que eles traziam. Esta dicotomia que acometeu aos homens sem que estes soubessem como lidar com ela, reflete-se hoje, em nossos tempos, em adultos e nos filhos destes adultos, que deixaram de sonhar e há muito tempo, vive uma vida artificial e mecânica, desprovida de qualquer interesse em qualidade ou evolução. São crianças, adolescentes e jovens que foram criados por pessoas isentas de sonhos, de expectativas. Pessoas que foram educadas para não admirar a natureza, para ficarem inertes ao por do sol, indiferentes a uma cachoeira ou as ondas do mar ou a imponência do oceano. Incapazes de contemplar o nosso pantanal e tudo o que há de belo nos serrados aos seus arredores.

É fácil perceber ao que me reporto. Basta olhar para os lados. Basta ver aonde seu filho vai e com vai. Basta ouvir os assuntos que contagiam a juventude de hoje. Basta olhar os cadernos e os boletins da maioria dos estudantes. Basta ler os jornais, os sites de notícias locais, verem os plantões da televisão.

Perdemos nossos sonhos, perdemos nossa essência, expulsamos o espírito mal e ficamos totalmente vazios, sem razão, sem direção. Tiramos nossa mente e a colocamos na prateleira, para deixa de lado a angustia por um instante, acabamos por sentir angustia ainda maior, a de nada ter, a de nada sentir. Estamos todos fadados ao descontentamento eterno, a submissão aos interesses sabe-se la de quem, vez que para todo lado reina a insatisfação e ao mesmo tempo a passividade. Faltam-nos forças para reagir. Por quê?

Perdemos, ou estamos perdendo a cada dia, o nosso senso de identidade. Se não somos capazes de enxergar o vigor da natureza em nossa volta, se somos indiferentes com o nosso ambiente, inertes com os intempéries do tempo, isso mostra também o imenso vazio que há dentro de nós, se não há nada em nosso interior, assim vemos também o que nos rodeia. Uma paisagem morta, inanimada.

“Na natureza, pouco Vemos que seja nosso”.

Esta introspecção que faço, em forma de desabafo transformando meus escritos, são apenas para atentar para uma juventude que a nada se atenta. Não quero dar sermão. Não quero me colocar acima do bem ou do mal, não quero aqui dizer a quem ou ao que se deve fazer. Meu grito não é para ordenar. Meu grito é para alertar. Estamos todos nos enchendo de um vazio imenso e infinito. Deixando de dizer coisas que são importantes para nós. Deixando de amar. Deixando de sorrir. Deixando de crer em um futuro melhor. Em uma Vida intensa. Deixando de acreditar em nossa capacidade e com isso, estamos nos acomodando e nos acostumando a não fazer nada, a não ser nada e a ficar como a natureza que imaginamos decorar nossa alma, morta, seca, inerte.

Estamos à procura de um líder? Estamos à procura de uma revolução? Estamos à procura de alguma causa para lutar? Estamos à procura de que?

Para mim toda essa tristeza, todo este pesar que contemplamos uns nas áureas dos outros é que me trás a resposta exata e precisa.

ESTAMOS TODOS, À PROCURA DE NÓS MESMO.

Referência bibliográfica
MAY, ROLLO - O Homem a procura de si mesmo - Man's search for himself - 34 edição - 2010 ed. Vozes, Petrópolis - RJ.