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Sou sonhador, Idiota, tenho inúmeras idéias. Para uns um modelo, para outros ridículo! Assim que sou.

domingo, 19 de setembro de 2010

Sociedade, Educação e Qualidade de Vida: O REI ESTÁ NÚ

Sociedade, Educação e Qualidade de Vida: O REI ESTÁ NÚ: "Parafraseio nestes escritos o romancista e poeta dinamarquês Hans Cristian Andersen (1805-1875). Em certa época, por razões desconhecidas, A..."

O REI ESTÁ NÚ

Parafraseio nestes escritos o romancista e poeta dinamarquês Hans Cristian Andersen (1805-1875).

Em certa época, por razões desconhecidas, Andersen escreveu uma história a qual ele chamou de “O REI ESTÁ NÚ”. Referenciando a uma dupla de trapaceiros que fazendo-se passar por alfaiates renomados, teciam roupas mágicas, que somente pessoas inteligentes poderiam apreciar suas belas cores e sutilizas dos recortes. Usando de um alto poder de persuasão, convenceram o rei a dar-lhes muito ouro, dinheiro e a mais fina seda do reino. Fingiam trabalhar noite e dia, sem descanso. O rei, desconfiado até tentou investigar, mandando seus homens dos mais altos escalões, os mais sábios, na certeza de estes veriam facilmente o tecido. Estes porém nada viram, pois nada havia. Mesmo diante de nada, com medo de perder seus postos, se afirmassem nada ver, os homens mentiam, dizendo estarem diante de trajes jamais vistos, de beleza imensurável. O rei, para também não passar por néscio, aceitou então vestir-se com o nada, sob os fortes argumentos dos trapaceiros que anunciavam o tecido, tão leve, que quem vestisse, mal poderia senti-lo no corpo. Assim, fizeram o rei passear nu pela cidade, acreditando estar vestido nos mais belos trajes. Todas as pessoas, para não se afirmarem néscios, murmuravam elogios para o traje que nunca existiu. Até que uma criança, em sua inocência, gritou no meio da multidão... HAHAHA O REI ESTÁ NÚ! Tarde demais para reconhecer que caíram todos, no canto da sereia. Encantados por belos argumentos, por uma oratória impecável, foram sorrateiramente enganados. Forçados pelas belas palavras a enxergarem o que nunca existiu. Uns por medo de perderem seus postos (emprego) outros para mostrarem-se inteligentes, outros por vaidade pura, deixaram que o seu rei passeasse despido pelas ruas do reino, acreditando estar vestido em trajes mágicos.

Tal conto, me remete ao período eleitoral que vivemos. Estamos em época de Recber visitas ilustres em nossas cidades, por todo o estado, de alfaiates diversos. Todos com propostas interessantíssimas e tentadoras. Alguns já gabando os pseudos “trajes mágicos” que vinham costurando há tempos.

Oradores extraordinários. Até choram, em discursos emotivos, comoventes, fascinantes. Ao que pesa parcela significativa da população eleitoral ativa, “enxergarem” trajes mágicos, que nunca existiram ou existirão. Porque pessoas assim, se valem de sua habilidade com as palavras apenas para abusar de nossa inércia de pensar. Nestas épocas, somos como os detentores de cargos de confiança do rei, trocamos nossa inteligência pelo medo de perder o posto. Deixamos de afirmar o que realmente vemos para ver o que querem que a gente enxergue. E mais que isso, acreditamos, piamente, ver alguma coisa onde nada existe, a não ser, o dedo mágico dos marketeiros.

Ainda aqui, mesmo correndo o risco de ser rotulado de néscio, de ser destituído do rol escalonário dos detentores do poder, prefiro apontar e gritar inocentemente como a criança do conto de Andersen dizendo “olhem! O rei esta nu!”